domingo, 27 de abril de 2008

Controle Motor: músculos globais e locais

Hoje em dia controle motor é a nova “sensação” na área de reabilitação de pacientes com dor lombar crônica, problemas de ombro e também da articulação patelo-femoral (joelho).

Mas o que significa controle motor?

De uma forma simplificada, controle motor é a utilização dos músculos adequados/específicos para um determinado movimento ou função.

Em outras palavras, o sistema neuromuscular esquelético objetiva ser o mais eficiente possível com o recrutamento do menor número de músculos e unidades motoras necessários para uma determinada atividade.

Obviamente, um bom controle motor não só reabilita pacientes mas também previne lesões e melhora o rendimento de atletas.

Músculos globais e locais, também chamados de motores primários e acessórios ou geradores de torque (movimento) ou estabilizadores diferem entre si principalmente em relação a capacidade de produzir torque.

Torque nada mais é do que o produto entre força e a distância que essa força é aplicada em relação ao centro de rotação (T = F x d).

No caso do corpo humano o torque depende da força gerada pelos músculos (com influência também do sistema nervoso) e da distância que essa força é aplicada com relação ao centro de rotação da articulação.

Essa distância é chamada de distância perpendicular do músculo.

Tomemos como exemplo a articulação gleno-umeral (ombro). É de conhecimento de todos que os músculos do manguito rotador (infra-espinhal, supra-espinhal, redondo menor e subescapular) proporcionam estabilidade para essa articulação.

Esses músculos, além de apresentarem menor número de fibras (portanto menor produção de forca) se inserem proximalmante ao centro de rotação da articulação, diminuindo a capacidade de produção de torque significativamente.

Devido à pequena distância perpendicular desses músculos, suas linhas de ação proporcionam compressão da articulação, conseqüentemente proporcionando maior estabilidade. Isto caracteriza os músculos estabilizadores ou músculos locais.

Já os músculos: deltóide, peitoral maior, Latíssimo do Dorso e redondo maior são exemplos de músculos globais da articulação gleno-umeral.

A inserção desses músculos é mais afastada da articulação o que favorece a geração de torque devido a sua maior distância perpendicular.

De que forma esses conceitos básicos de biomecânica se aplicam ao treinamento físico?

Essencialmente, precisamos dos músculos globais para geração de torque para que possamos nadar mais rápido, ter um ataque mais potente no vôlei ou arremessar o dardo o mais longe possível.

Entretanto, se a articulação não for bem estabilizada pelos músculos locais a eficiência e a capacidade de produção de torque dos músculos globais será afetada, pois a articulação estará instável.

Maior instabilidade gera maior variância do centro de rotação da articulação, podendo acarretar lesões e diminuição do rendimento do atleta.

Baseado nos conceito apresentados acima e na minha experiência como preparador físico, acredito firmemente que o treinamento funcional (multidirecional) deve ser incorporado ao treinamento de atletas de alto rendimento, não apenas com o objetivo de prevenir lesões mas também de melhorar o rendimento do atleta.

Fontes:

Wendell P. Liemohn - Measuring Core Stability -The Journal of Strength and Conditioning Research: Vol. 19, No. 3, pp. 583–586.

Robert Stanton and Peter R. Reaburn; The Effect of Short-Term Swiss Ball Training on Core Stability and Running Economy - The Journal of Strength and Conditioning Research: Vol. 18, No. 3, pp.

Paul W.M. Marshall and Bernadette A. Murphy; Increased Deltoid and Abdominal Muscle Activity During Swiss Ball Bench Press - Journal of Strength and Conditioning Research, 2006, 20(4), 745–750 2006 National Strength & Conditioning Association

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