quarta-feira, 18 de junho de 2008

Músculos envolvidos durante a pedalada

Pesquisas em biomecânica visando à otimização do desempenho de ciclistas tem sido o objetivo de vários pesquisadores nos últimos anos.

Além do estudo das forças envolvidas na pedalada, podem ser analisados os padrões de ativação muscular por meio da eletromiografia (EMG) e, desta forma, compreender qual a contribuição de cada músculo envolvido no movimento da pedalada, bem como as alterações decorrentes dos diferentes ajustes adotados pelo ciclista.

A eletromiografia de superfície (EMG) fornece informações sobre o padrão de ativação muscular e sobre como o sistema nervoso central controla o movimento.

Essa técnica tem sido amplamente utilizada para estudar a atividade muscular e a coordenação neuromuscular no ciclismo.

Comumente, no estudo da pedalada, os padrões de atividade muscular são descritos em relação ao ângulo do pé-de-vela, no qual, em geral, a maior ativação dos músculos ocorre durante a fase propulsiva (0 – 180°), quando grande parte da energia necessária para pedalar é transferida para o pé-de-vela.

Os músculos monoarticulares extensores das articulações do quadril, do joelho e do tornozelo (gluteus maximus - GM, soleus - SOL, vastus lateralis - VL e vastus medialis - VM) apresentam uma grande ativação durante a fase de propulsão; e o tibialis anterior (TA), durante a fase de recuperação da pedalada (180 – 360°).

Já os músculos do grupo posterior da coxa apresentam maior atividade entre 90 e 135° do ciclo da pedalada; enquanto que o rectus femoris (RF) apresenta ativação tanto na fase de propulsão, como um extensor do joelho, como na fase de recuperação, agindo como flexor do quadril.

Segundo alguns estudos o GM e o biceps femoris (BF) atuam no torque extensor do quadril entre 0 e 180° do ciclo da pedalada; o RF, o VM e o VL parecem ter maior atuação no torque extensor do joelho entre 0 e 75°; e o semimembranaceus (SM), o BF, o gastrocnemius medialis (GAM) e o gastrocnemius lateralis (GAL) parecem desempenhar uma importante função no torque flexor do joelho, observado a 180° do ciclo da pedalada.

Os padrões de atividade muscular durante a pedalada dependem dos diferentes ajustes da bicicleta (altura do selim, tamanho do pé-de-vela, tamanho do quadro, etc.), da posição adotada pelo ciclista, da relação de marchas e da técnica da pedalada.

A carga de trabalho e a cadência da pedalada também têm influência direta na atividade muscular.

Entre os ajustes de posicionamento freqüentemente realizados pelos ciclistas, que podem alterar o padrão de ativação muscular, está a regulagem da altura do selim.

As alterações na ativação elétrica ocorrem em detrimento da mudança do ângulo ótimo de produção de força dos músculos envolvidos no movimento da pedalada.

Até o momento, os estudos realizados com EMG em diferentes alturas do selim têm demonstrado resultados variados. Algumas pesquisas apontam um aumento na ativação muscular em função da diminuição da altura do selim, especialmente para os músculos isquiotibiais e quadríceps.

No entanto, estudos apontam uma maior ativação elétrica dos músculos GM, SM, SOL e GAM com o aumento da altura do selim; enquanto outros,com os resultados da EMG apontam uma menor ativação ao pedalar-se com selim em uma posição mais elevada para os mesmos músculos.

A necessidade de se estudar a ativação muscular ao variar-se a posição do ciclista na bicicleta tem uma importância fundamental no momento da escolha do tamanho do quadro da bicicleta, do tamanho do pé-de-vela a ser adotado, da regulagem da altura do selim, do tamanho do avanço e dos demais ajustes do complexo ciclista-bicicleta.

Todas essas alterações afetarão diretamente o desempenho do atleta; no entanto, essa é uma questão difícil de ser generalizada, e talvez existam ajustes relativamente pequenos que podem exercer grande influência nas questões levantadas acima, de maneira distinta para diferentes ciclistas.

Portanto, investigar essa questão de forma individualizada torna-se essencial em se tratando de ciclistas de alto nível.

Fontes:

Diefenthaeler F, Bini RR, Nabinger E, Laitano OL Carpes, FP, Guimarães ACS, et al. Proposta metodológica para a avaliação da técnica da pedalada de ciclistas: estudo de caso. Rev Bras Med Esporte 2007; in press.

Ervilha RM, Amadio AC, Duarte M. Estudo sobre procedimentos de normalização da intensidade do sinal eletromiográfico durante o movimento humano. Anais do VII Congresso Brasileiro de Biomecânica. Campinas: UNICAMP; 1997. p.169-174.

Carmo, J. Análise eletromiográfica da atual posição de ciclismo. Anais do IV Congresso Brasileiro de Biomecânica. São Paulo: USP; 1992. p.172-178.

Nenhum comentário:

Postar um comentário