segunda-feira, 16 de junho de 2008

Prescrição de exercício físico para indivíduos que fazem uso de betabloqueadores

Considerando-se o fato de os betabloqueadores serem bastante utilizados para o tratamento de diversas cardiopatias, a prescrição do exercício físico para os usuários desses medicamentos deve ser feita sempre com muita cautela.

Como a prescrição da intensidade do exercício físico utilizada em programas de prevenção e reabilitação cardíacas baseia-se principalmente na freqüência cardíaca como indicador de intensidade de esforço, deve-se ter maior cuidado com usuários de betabloqueadores, pois estes atuam diretamente na freqüência cardíaca(1, 2), reduzindo-a, ou seja, a freqüência cardíaca máxima em um teste ergométrico e a freqüência cardíaca de repouso de usuários de betabloqueadores estão sempre diminuídas.

Além disso, a competência cronotrópica durante o exercício físico também está diminuída.

Assim, para não haver erro na prescrição do exercício físico para esses indivíduos, é importante que seja realizado teste de esforço sob o uso de betabloqueadores, para que o médico possa avaliar o comportamento das variáveis cardiovasculares durante o esforço e, posteriormente, o professor de educação física possa prescrever adequadamente a intensidade de exercício a ser realizado e a faixa de freqüência cardíaca a ser controlada nas sessões de condicionamento físico.

Dessa forma, o comportamento da freqüência cardíaca durante o treinamento físico será equivalente ao do teste de esforço.

O efeito que o medicamento exerce sobre a freqüência cardíaca durante o teste de esforço, modulando seu aumento, será reproduzido quando o indivíduo estiver se exercitando, fazendo com que, dessa forma, a prescrição esteja adequada.

Depois de obtidos os valores da freqüência cardíaca em repouso e no exercício físico máximo dos usuários de betabloqueadores, a prescrição de treinamento físico pela freqüência cardíaca se dá como citado no texto de 11 de junho de 2008 –Prescrição do exercício físico pela freqüência cardíaca -, ou seja, pela porcentagem da freqüência cardíaca máxima ou reserva (Ver tabela abaixo).

Vale a pena ressaltar que, em portadores de doença cardiovascular, mesmo com bom condicionamento físico, a prescrição de exercício físico deve ser equivalente à de um indivíduo de mesma idade sedentário saudável, ou seja, a intensidade não deve ultrapassar 50% a 70% da freqüência cardíaca de reserva.

Tabela 1. Exemplos de betabloqueadores utilizados na clínica e suas ações.

1ª Geração
Medicamento: Propranolol
Ação: Betabloqueador não-seletivo.

2ª Geração

Medicamento: Bisoprolol, Metoprolol
Ação: Betabloqueadores seletivos para receptores adrenérgicos do subtipo β1.

3ª Geração

Medicamento: Carvedilol, Bucindolol
Ação: Betabloqueadores não-seletivos e com ação vasodilatadora (bloqueio dos receptores α1-adrenérgicos).


É importante salientar o trabalho multidisciplinar nos testes de esforço, em que estão presentes o médico, detectando possíveis anormalidades, o professor de educação física, efetuando a prescrição do exercício físico baseado nos parâmetros obtidos no teste, além de outros profissionais da saúde.

Esses profissionais, trabalhando de forma conjunta, auxiliarão tanto na prevenção como no tratamento das doenças cardiovasculares.

Fonte:

1. Gordon MF, Dunkan JJ. Effect of beta-blockers on exercise physiology: complications for exercise training. Med Sci Sports Exerc. 1991;23:668-76.

2. Wilmore JH, Freund BJ, Joyner MJ, et al. Acute response to submaximal and maximal exercise consequent to beta-adrenergic blockade: implications for the prescription of exercise. Am J Cardiol. 1985;55:135D- 141D.

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