Problemas no ombro decorrentes da prática inadequada da atividade física são constantemente relatados na literatura e é comum observamos isso em praticantes de academia. Foi pensando nesse problema que cientistas da Flórida – EUA sentiram que havia necessidade de estudar e descrever os riscos de lesões no ombro pertinentes à prática da atividade física.
A articulação e as características dos músculos do ombro de indivíduos freqüentadores de academia foram investigadas para determinar adaptações específicas relacionadas a riscos que podem ocorrer para esses participantes.
Noventa pessoas participaram do estudo, sendo que 60 foram submetidas a diversos exercícios para membros superiores e as outras 30 não foram submetidas a nenhum exercício ou estresse para essa mesma região do corpo.
As variáveis analisadas pelos cientistas foram:
- Amplitude de movimento na articulação do ombro
- Tensão na parte posterior do ombro
- Peso corporal ajustado para os valores de força
- Comparação de força dos músculos agonistas/antagonistas entre os grupos de pessoas
Após a análise estatística dos dados constatou-se:
1 – O grupo de 60 pessoas que participaram de exercícios para os membros superiores diminuiu a mobilidade de todos os movimentos dos ombros (exceto na rotação externa, que foi maior para o grupo de 60 pessoas), comparado com o grupo das outras 30 pessoas.
2 – Os músculos agonistas/antagonistas se apresentaram mais fortes para o grupo de 60 pessoas, porém demonstraram desequilíbrios musculares maiores do que os apresentados para o grupo que não se exercitou.
Tais fatores sugerem que os participantes de atividade física que se exercitam inadequadamente estão predispostos a desequilíbrios de força e mobilidade no ombro como resultado de seus treinamentos. Tais desequilíbrios estão relacionados com problemas/lesões no ombro de indivíduos “normais” ativos e também nos atletas. Então, esses desequilíbrios colocam essas pessoas em risco de lesão no ombro.
Esse problema todo recai no tipo de treinamento que é prescrito a esses indivíduos. A maioria dos treinamentos contém exercícios para grandes grupos musculares, feito de forma multi-articular (ex. Supino), e, na maioria dos casos, o treinamento para os músculos estabilizadores dessa região (ex. Manguito Rotador) é totalmente inexistente.
Portanto, a seleção dos exercícios de uma maneira progressiva é de extrema importância. Não significa que a pessoa não possa estar executando o Supino, por exemplo, significa apenas que ela deve se preparar para poder executar esse (e outros mais complexos) exercício de forma segura.
Deve-se optar, então, por exercícios que atenuam esse desequilíbrio de força e mobilidade visando a prevenção de lesões.
Os responsáveis pela prescrição do treino devem considerar os estresses biomecânicos e as adaptações associadas aos não-atletas praticantes de atividade física quando estão prescrevendo-lhes exercícios, principalmente para as regiões mais suscetíveis a lesões, como a região do ombro.
Fonte: J Strength Cond Res. 2009 Jan;23(1):148-57
Nenhum comentário:
Postar um comentário